sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Workshop inspirado no diálogo entre Comunicação Não-Violenta e Yoga





CNV & Yoga
caminhos para cultivar as relações que o nosso coração deseja 

Workshop inspirado no diálogo entre Comunicação Não-Violenta e Yoga

Dias 31/01, 01 e 02/02 de 2014 

A intenção para este fim de semana é experimentar o efeito catalisador de unir vivências de Yoga e Comunicação Não-Violenta para cultivar as relações que o nosso coração deseja.

"O tipo de espiritualidade que eu valorizo é aquela em que você tem grande alegria em contribuir para a vida, não apenas sentar e meditar, embora a meditação é certamente valiosa. Mas a partir da meditação, da consciência resultante, eu gostaria de ver as pessoas em ação, criando o mundo que elas querem para se viver " Marshall Rosenberg

Praticar Yoga asanas (posturas) cria condições ideais para cultivar estados profundos de presença e consciência. A abordagem prática da CNV nos ajuda a reconectar e agir a partir desta presença em nossas vidas diárias alimentando nossas relações e o mundo ao redor de nós.

Contribuição baseada no princípio da co-responsabidade. Cada um oferece o valor dentro do seu ponto de equilíbrio e cuidaremos como coletivo da sustentabilidade do espaço e quem oferece!

Inscrições até dia 20/01: curso@terraluminous.eco.br

No link abaixo você preenche um rápido formulário e faz seu pedido de inscrição. Em até 2 dias você receberá um email da equipe com a confirmação de sua vaga e as informações dos próximos passos!

Organização e Facilitação:
Kiu Coates 
Fabiana Maia
http://fabimaia.blogspot.com.br/p/e-eu.html

Participação musical e super especial de Helena Rosenthal com sua linda voz e violão - sábado a noite Kirtan na frente da fogueira!

Local: Espaço Terra Luminous – Juquitiba, SP (a 1,5 h de São Paulo) 
O transporte de ida e volta fica por conta do participante. No site do Terra Luminous há uma página para caronas solidárias, que são organizadas em sistema de auto-gestão. 

domingo, 8 de dezembro de 2013

CNV e Yoga em parceria

Bem vindos!


Comunicação Não-Violenta (CNV), é um processo que apoia uma profunda mudança no escutar, no pensar, no sentir e no falar.

CNV & Yoga: a relação

Empatia é um dos elementos centrais na CNV. O ingrediente chave para a empatia, de acordo com o "pai" da CNV, Marshall Rosenberg, é a presença. Trata-se de estar no momento presente e no corpo. É uma trilha alternativa que convida a ir além dos julgamentos, em que se observa a si mesmo e se conecta com o que a outra pessoa está observando, sentindo, precisando e solicitando. 

O Yoga ajuda a potencializar CNV, cultivando a presença através da conexão com a respiração e as sensações no corpo, trazendo mais vida para a aplicação da CNV.


"O tipo de espiritualidade que eu valorizo ​​é aquele em que você tem grande alegria em contribuir para a vida, não apenas sentar e meditar, embora a meditação seja certamente valiosa. Mas a partir da meditação, da consciência resultante, eu gostaria de ver as pessoas em ação, criando o mundo que elas querem para se viver " Marshall Rosenberg

A prática de Asanas no Yoga cria as condições ideais para cultivar estados cada vez mais profundos de presença. A abordagem simples e prática da CNV ajuda a potencializar a expansão desta presença em nossas vidas diárias, para os nossos relacionamentos e os momentos desafiadores. Ela nos ajuda a estarmos presentes com nós mesmos e estarmos focados e disponíveis para o que está acontecendo com outros.

"O dom mais precioso que podemos oferecer aos outros é a nossa presença . Quando a atenção plena abraça aqueles que amamos, eles vão florescer como as flores . " Thich Nhat Hanh

União, Interconexão e a Unidade do Ser

Uma das interpretações da palavra Yoga é união: a experiência real da unicidade do ser, a interligação e interdependência de todas as coisas. 

"Gosto da maneira como a prática de Asana Yoga (posturas) me permite experimentar essa unicidade do ser através da conexão entre a mente, corpo e respiração. E a CNV é lindamente complementar para isso, pois nos lembra de nossa interconexão com a ênfase na escuta profunda de nós mesmos, bem como outros, revelando a consciência de que todos os seres humanos estão apenas tentando honrar os valores e necessidades universais, a cada minuto, todos os dias." Kiu Coates


segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

As bases espirituais da Comunicação Não-Violenta: Uma sessão de perguntas e respostas com Marshall Rosenberg



1)      A espiritualidade é importante no processo da Comunicação Não-Violenta?
Eu penso que é importante que as pessoas vejam que espiritualidade é a base da Comunicação Não-Violenta e que elas aprendam a  mecânica do processo com isso em mente. É realmente uma prática espiritual que estou tentando mostrar como um caminho de vida. Mesmo que não mencionemos isso, as pessoas são seduzidas pela prática. Mesmo se a pratiquem como uma técnica mecânica, elas começam a experimentar coisas entre elas mesmas e as outras pessoas que não eram capazes de experimentar antes. Então finalmente elas chegam à espiritualidade do processo. Elas começam a ver que isso é mais que um processo de comunicação e percebem que é realmente uma tentativa de manifestar uma certa espiritualidade. Então eu tentei integrar a espiritualidade no treinamento num jeito que atende à minha necessidade de não destruir a beleza dela através de abstrações filosóficas.

2)      O que Deus significa para você?
Eu preciso de um modo de pensar em Deus que funcione para mim, outras palavras ou caminhos para olhar para essa beleza, essa poderosa energia, e então meu nome para Deus é “Amada Energia Divina”. Por um tempo foi somente Energia Divina, mas então eu estava lendo algo sobre as religiões orientais, e poetas orientais, e eu amei como eles têm essa conexão pessoal amorosa com essa Energia. E eu achei que aquilo me levava a chamar Deus “Amada Energia Divina” . Para mim essa Amada Energia Divina é vida, conexão com a vida.

3)      Qual é seu caminho favorito de reconhecimento da Amada Energia Divina?
É o jeito como eu me conecto com seres humanos. Eu conheço a Amada Energia Divina conectando-me com os seres humanos de certo modo. Eu não vejo a Energia Divina, eu saboreio a Energia Divina, eu sinto a Energia Divina e EU SOU a Energia Divina. Estou conectado com a Amada Energia Divina quando eu me conecto com os seres humanos de certo modo. Então Deus está muito vivo para mim. Também falando com as árvores, falando com os cachorros e porcos, estes são alguns dos meus caminhos favoritos.

4)      Como você desenvolveu a Comunicação Não-Violenta?
A Comunicação Não-Violenta se desenvolveu a partir da minha tentativa de ficar consciente do que é essa Energia Divina e como ficar conectado com ela. Eu estava muito insatisfeito com a psicologia clínica porque é baseada na patologia e eu não gostava dessa linguagem. Então, após ter me formado eu decidi ir mais além na direção de Carl Rogers e Abraham Maslow. Eu decidi olhar esse lado e perguntar a mim mesmo a assustadora pergunta: “O que nós somos e o que pretendemos ser?” Eu achei que havia muito pouca coisa escrita sobre isso em Psicologia. Então eu fiz um curso de Religiões Comparadas porque eu vi que elas falavam mais sobre essa questão. E a palavra “amor” aparecia em cada uma delas.  Eu costumava ouvir a palavra AMOR como muita gente usa no sentido religioso: “Você deve amar todo mundo”. Eu ficava realmente abusado da palavra amor. “Oh sim, eu cogitaria de amar Hitler?” Eu não conhecia as palavras “Bobagem da Nova Era” mas eu usava a que era meu equivalente para elas. Eu tentava entender melhor o que significa amor porque eu podia ver que tinha muitos significados para muitos milhões de pessoas em todas aquelas religiões. O que é e como se faz esse ‘amor’?
 A Comunicação Não-Violenta realmente se revelou na minha tentativa de compreender esse conceito de amor e como manifestá-lo, como fazê-lo. Eu cheguei à conclusão que não era somente alguma coisa que você sente, mas é alguma coisa que manifestamos, alguma coisa que fazemos, alguma coisa que temos. E o que é essa manifestação?  É dar de nós mesmos de um certo jeito.

5) O que você quer dizer com “dar de nós mesmos?”
Para mim, dar de nós mesmos significa uma expressão honesta do que está vivo em nós neste momento. Intriga-me por que cada cultura saúda a outra “Como está você?” Essa é uma questão tão importante. Que presente é ser capaz de saber a cada dado momento o que está vivo em alguém.
Dar um presente a alguém é uma manifestação de amor. É quando você revela a si mesmo nua e honestamente, em dado momento, sem outro propósito senão como um presente do que está vivo em você. Sem acusação, sem crítica ou punição. Simplesmente “Aqui estou e aqui está o que eu gostaria”. Essa é a minha vulnerabilidade neste momento. Para mim, isso é um jeito de manifestar amor.
E o outro jeito que nós nos damos é através de como recebemos a mensagem da outra pessoa. Recebê-la com empatia, conectando-nos com o que está vivo nela, não fazendo julgamentos. Somente ouvir o que está vivo na outra pessoa e o que ela gostaria. Então, a Comunicação Não Violenta é simplesmente a manifestação do que eu entendo que seja Amor.

6)      A Comunicação Não-Violenta se revelou no seu desejo de manifestar amor?
Eu também fui ajudado por pesquisa empírica em psicologia que definiu as características de relacionamentos saudáveis e pelo estudo de pessoas que estavam vivendo manifestações de amar pessoas. Fora esses recursos eu empurrei junto esse processo que me ajudou a conectar-me com pessoas no qual eu pude entendê-las de um jeito amoroso. E então eu vi o que aconteceu quando eu me conectei com as pessoas desse jeito. Essa beleza, esse poder, me ligaram à Energia que eu escolhi chamar de Amada Energia Divina. Assim, a Comunicação Não Violenta me ajuda a ficar conectado com essa bela Energia Divina dentro de mim mesmo, com a Energia Divina nos outros, e o que acontece então é o mais próximo que eu conheço do que seja estar conectado com Deus.

7)      Como você evita que o Ego interfira em sua conexão com Deus?
Vendo o Ego como a coisa mais estreitamente ligada ao jeito que a minha cultura me treinou a pensar e me treinou a comunicar-me. E como a cultura me treinou para atender às minhas necessidades de certo modo, para ter minhas necessidades misturadas com certas estratégias, eu devo atender às minhas necessidades. Então eu tento permanecer cônscio desses três caminhos que a cultura me programou para fazer coisas que realmente não são do meu maior interesse, para funcionar mais no Ego que na minha conexão com a Energia Divina. Tenho tentado aprender meios de treinar a mim mesmo para estar consciente quando estou pensando nesse jeito culturalmente aprendido e tenho incorporado isso na Comunicação Não Violenta..

8)      Então você acredita que a linguagem de nossa cultura nos impede de conhecer nossa Energia Divina mais intimamente?
Oh, sim. Definitivamente. Eu acho que nossa linguagem torna isso realmente difícil, especialmente a linguagem que nos é dada pelo treinamento cultural que a maioria de nós segue, e as associações do que “Deus” cria  para as pessoas. O pensamento julgador, ou do certo/errado é uma das mais coisas mais difíceis que tenho encontrado para conseguir ensinar Comunicação Não Violenta por todos esses anos. As pessoas com quem trabalho têm vindo todas de escolas e igrejas e é muito fácil para elas, se gostam da Comunicação Não Violenta, dizer que esse é o jeito ‘certo’ de se comunicar. É muito fácil pensar que a Comunicação Não Violenta é o objetivo.
Eu modifiquei uma parábola budista que se relaciona com essa questão. Imagine um local lindo, íntegro e sagrado. E imagine que você poderia realmente conhecer Deus quando estivesse nesse lugar. Mas há um rio entre você e esse lugar e você gostaria de alcançar esse lugar mas você tem que transpor esse rio para chegar lá. Então você obtém uma balsa, e essa balsa é uma verdadeira ‘mão na roda’ para levar você do outro lado do rio. Uma vez cruzado o rio você pode caminhar o resto de muitas milhas para esse lindo lugar. Mas a parábola budista termina dizendo que “aquele é um tolo que continua carregando a  balsa nas costas no lugar sagrado”.
A comunicação Não Violenta é uma ferramenta para me fazer superar meu aprendizado cultural de modo que eu possa alcançar aquele lugar. Não é o lugar. Se ficamos apegados à balsa, fica mais difícil chegar ao lugar. As pessoas que somente aprendem a processo de Comunicação Não-Violenta podem esquecer tudo sobre paz. Se ficam muito presos à balsa, o processo torna-se mecânico.
A Comunicação Não-Violenta é uma das ferramentas mais poderosas que eu encontrei para conectar-me com pessoas num modo que me ajuda a ficar num lugar onde estamos conectados com o Divino, onde o que fazemos para o outro provém da Energia Divina. Esse é o lugar onde eu quero estar.

 9)      Essa é a base espiritual da Comunicação Não-Violenta?
A base espiritual para mim é que eu estou tentando conectar a Energia Divina em outros e conectá-los com a Energia Divina em mim, porque eu acredito que quando estamos realmente conectados com essa Divindade dentro de cada um e de nós mesmos, aquela pessoa desfruta contribuindo para o bem estar de outro mais que qualquer outra coisa. Então para mim, se estamos conectados com o Divino nos outros e em nós mesmos, vamos aproveitar o que acontece, e essa é a base espiritual. Ness lugar é impossível haver violência.

10)  É essa falta de conexão com a Energia Divina a responsável pela violência no mundo?
Eu gostaria de dizer desse jeito: Eu penso que temos tido a graça de escolher criar o mundo da nossa escolha. E temos toda essa graça desse grande e abundante mundo para criar um mundo de alegria e abundância. Para mim, a violência no mundo ocorre quando ficamos alienados ou desconectados dessa Energia. Como ficarmos conectados se somos educados para sermos desconectados? Eu creio que é nosso condicionamento cultural e educação que nos desconectam de Deus, especialmente nossa educação sobre Deus.
Walter Wink escreve sobre como as culturas de dominação usam certos ensinamentos sobre Deus para manter a opressão. Eis porque Bispos e Reis têm estado geralmente muito próximos. Os Reis precisaram dos Bispos para justificar a opressão, para interpretar os livros sagrados de modo que justificassem as punições, dominação e assim por diante.

11)  Como vamos superar esse condicionamento?
Eu estou geralmente em meio a pessoas com muita dor. Eu relembro de estar trabalhando com vinte Sérvios e vinte Croatas. Algumas dessas pessoas tiveram membros de suas famílias mortos pelos do outro lado e todos eles tinham gerações de veneno inoculado em suas cabeças acerca do outro lado. Eles gastaram três dias expressando sua raiva e dor uns aos outros. Felizmente nós dispúnhamos de cerca de sete dias.
Uma palavra que não tenho usado quando falo sobre isso é a palavra ‘inevitabilidade’. Então muitas vezes tenho visto que não importa o que tenha acontecido, se as pessoas se conectam de certo modo, é inevitável que eles terminem gostando de se doar uns aos outros. É inevitável. Para o meu trabalho é quase como assistir a um show de mágica. É muito lindo para caber em palavras.
Mas algumas vezes essa Energia Divina não funciona tão rápido quanto eu acho que deveria. Eu lembro de ter sentado ali, em meio a toda aquela raiva e dor pensando “Energia Divina, se podes sanar toda essa confusão por que estás demorando tanto, por que estás colocando essas pessoas nisso?” E a Energia Divina me falou, e disse: “Você faz somente o que quer para se conectar. Ponha sua energia nisso. Conecte-se e ajude às outras pessoas a se conectarem e deixe-me cuidar do resto”. Mas apesar do que estava acontecendo em uma parte do meu cérebro, eu sabia que a alegria era inevitável. Se pudéssemos somente nos manter conectados com nossa própria Energia Divina e com as dos outros.
E aconteceu. Aconteceu com grande beleza. No último dia todos eles estava conversando sobre alegria. E muitos deles disseram: “Eu pensava que nunca mais me sentiria alegre de novo depois do que passamos”. Esse era o tema em todos os lábios. De modo que aquela noite vinte Sérvios e vinte Croatas, que sete dias antes tinham somente uma dor inimaginável em relação ao outro, celebravam a alegria de viverem juntos.

 12)  Nós conseguimos essa conexão com o outro conhecendo a Deus?
Aqui eu quero ficar longe de intelectualizar sobre Deus. Se ‘conhecer Deus’ significa essa íntima conexão com a Amada Energia Divina, então nós ganhamos cada segundo quando experimentamos o paraíso.
O céu que eu ganho conhecendo a Deus é essa inevitabilidade, saber o inevitável, que não importa o que o inferno está fazendo, se temos esse nível de conexão uns com os outros,s e somos tocados pela Energia Divina uns dos outros, é inevitável que apreciemos dar e receber da vida. Tenho tido esse tipo de coisa tão completamente com as pessoas que não fico preocupado com nada mais. É inevitável. Se conseguimos essa qualidade de conexão, estaremos onde nos agrada.
Encanta-me quão efetivo isso é. Eu poderia lhes falar de exemplos semelhantes entre os extremistas israelenses, tanto política como religiosamente, e o mesmo do lado palestino, e entre os Hutus e Tutsis, e os Cristãos na Nigéria. Com todos eles espantou-me como é fácil é promover essa reconciliação e cura. Uma vez mais, tudo o que nós temos que fazer é conectar ambos os lados às necessidades do outro. Para mim as necessidades são o meio mais rápido e íntimo de fazer conexão com a Energia Divina. Todo mundo tem as mesmas necessidades. As necessidades existem porque estamos vivos.

13)  Como você faz inimigos reconhecerem que eles precisam se dar um ao outro?
Quando você faz as pessoas se conectarem nesse nível é difícil manter aquela imagem de ‘inimigo’. A Comunicação Não-Violenta em sua pureza é o meio mais poderoso e rápido que eu encontrei para fazer as pessoas irem do jeito alienado de pensar onde elas querem ferir uns aos outros, para desfrutarem de se darem uns aos outros.
Quando você tem duas pessoas em frente um do outro, Hutu e Tutsi, e suas famílias foram mortas pelo outro, é espantoso que em duas ou três horas possamos levá-los a nutrirem um ao outro. É inevitável. Inevitável. Eis por que eu uso essa abordagem.
Encanta-me quão simples isso é dada a quantidade de sofrimento que houve, e quão rapidamente isso pode acontecer. A Comunicação Não Violenta realmente sara rapidamente quando as pessoas experimentaram muita dor. Isso me motiva a fazer isso acontecer mais rapidamente porque o jeito que estamos fazendo isso agora toma um bom tempo.
Como ter isso feito mais rapidamente com os outros 800.000 Hutus e Tutsis, e o resto do planeta? Eu gostaria de explorar o que poderia acontecer se pudéssemos fazer filmes ou programas de televisão sobre esse processo, porque tenho visto que enquanto duas pessoas seguem o processo com outras pessoas olhando, acontece aprendizagem indireta, cura e reconciliações. Então eu gostaria de explorar meios para usar a mídia para criar massas de pessoas para rapidamente completarem o processo juntas.

14)  Você tem encontrado algumas barreiras culturas ou linguísticas nesse processo?
Espanta-me quão poucas e pequenas elas são. Quando eu comecei a ensinar esse processo em outra língua, eu realmente duvidei de que pudesse ser feito. Lembro-me da primeira vez, eu estava na Europa, estava indo pela primeira vez a Munique e a Genebra. Minha colega e eu duvidávamos que pudéssemos fazê-lo em outra língua. Ela estava indo fazê-lo em francês e eu estaria lá para que ela me fizesse perguntas se alguma coisa acontecesse. Eu estava indo para pelo menos tentar ver se poderíamos fazê-lo com tradutores. Mas tudo funcionou muito bem, sem nenhum problema, e eu acho que a mesma coisa ocorrerá em qualquer lugar. Então eu simplesmente não me preocupo com isso, eu faço em inglês e você traduz e funciona bem. Não me lembro de nenhuma cultura onde eu tenha tido mais que pequenos problemas, mas não com a essência em si mesma. Não somente não tivemos problema mas também aconteceu de repetidas e variadas pessoas dizerem que isso é o que essencialmente suas religiões lhes dizem. É coisa antiga, eles a conhecem, e são gratos por essa manifestação, mas não é nada novo.
15)  Você acredita que uma prática espiritual é importante para praticar a não-violência?
Eu recomendo em todos os workshops que as pessoas dediquem um tempo e se façam essa pergunta:  “Como posso escolher  me conectar com outros seres humanos?” e para estarem tão conscientes quanto possam sobre isso. Para se assegurarem que é sua escolha e não o caminho para o qual tem sido programados a escolher. Finalmente, qual é o caminho que você escolheria para conectar-se com outros seres humanos?
A gratidão também tem importante papel para mim. Se eu expresso gratidão quando estou consciente da ação humana para a qual eu quero expressar gratidão, a consciência de como me sinto quando a ação ocorre, se é uma ação minha ou de outra pessoa, e quais necessidades minhas ela preenche, então expressar gratidão me enche da consciência do poder que nós seres humanos temos para preencher nossas vidas. Faz-me consciente de que nós somos Energia Divina, que nós temos tal poder para fazer a vida maravilhosa, e que não há nada que gostemos mais do que fazê-lo.
Para mim essa é uma poderosa evidência de nossa Energia Divina, que nós temos esse poder para fazer a vida tão maravilhosa e que não há nada de que gostemos mais. É por isso que parte de minha prática espiritual é justamente estar cônscio da gratidão.

16) Quão básica é essa  necessidade de dar de si ao outro?
Eu penso que a necessidade de enriquecer a vida é uma das mais básicas e poderosas necessidades que nós todos temos. Agora, um outro meio de dizer isso é que nós necessitamos agir a partir da Energia Divina dentro de nós. E eu acho que quando nós ‘somos’ essa Energia Divina –  não há nada de que gostemos mais, nada em que encontremos mais alegria, que enriquecer a vida, que usar nosso imenso poder para enriquecer a vida.
Mas quando nós estamos tentando atender essa necessidade nossa para ‘viver’ essa Energia Divina, tentando contribuir para a vida, há um pedido que vem com ela. Nós pedimos pelo retorno de qualquer criatura cuja vida estejamos tentando melhorar. Nós queremos saber de fato “ Minha intenção e minha ação estão sendo correspondidas” Houve preenchimento?
Na nossa cultura onde pedidos são distorcidos em nosso pensamento de que temos a necessidade de que outra pessoa nos ame pelo que temos feito, aprecie o que temos feito, nos aprove pelo que temos feito. E isso distorce e embota a beleza do processo inteiro. Não é sua aprovação o que precisamos, nossa verdadeira intenção era usar nossa energia para enriquecer a vida. Mas precisamos de retorno. Como vou saber se meus esforços foram bem sucedidos sem ter nenhum retorno?
E eu posso usar esse retorno para me ajudar a saber se eu estou me afastando da Energia Divina. Eu sei que estou me afastando da Energia Divina quando eu valorizo a crítica mais que o agradecimento.

(entrevistador desconhecido)