CNV & Yoga
caminhos para cultivar as relações que o nosso coração deseja
Workshop inspirado no diálogo entre Comunicação Não-Violenta e Yoga
Dias 31/01, 01 e 02/02 de 2014
Evento no Facebook: www.facebook.com/events/626807034042616
A intenção para este fim de semana é experimentar o efeito catalisador de unir vivências de Yoga e Comunicação Não-Violenta para cultivar as relações que o nosso coração deseja.
"O tipo de espiritualidade que eu valorizo é aquela em que você tem grande alegria em contribuir para a vida, não apenas sentar e meditar, embora a meditação é certamente valiosa. Mas a partir da meditação, da consciência resultante, eu gostaria de ver as pessoas em ação, criando o mundo que elas querem para se viver " Marshall Rosenberg
Praticar Yoga asanas (posturas) cria condições ideais para cultivar estados profundos de presença e consciência. A abordagem prática da CNV nos ajuda a reconectar e agir a partir desta presença em nossas vidas diárias alimentando nossas relações e o mundo ao redor de nós.
Contribuição baseada no princípio da co-responsabidade. Cada um oferece o valor dentro do seu ponto de equilíbrio e cuidaremos como coletivo da sustentabilidade do espaço e quem oferece!
Inscrições até dia 20/01: curso@terraluminous.eco.br
No link abaixo você preenche um rápido formulário e faz seu pedido de inscrição. Em até 2 dias você receberá um email da equipe com a confirmação de sua vaga e as informações dos próximos passos!
Organização e Facilitação:
Kiu Coates
Fabiana Maia
http://fabimaia.blogspot.com.br/p/e-eu.html
Participação musical e super especial de Helena Rosenthal com sua linda voz e violão - sábado a noite Kirtan na frente da fogueira!
Local: Espaço Terra Luminous – Juquitiba, SP (a 1,5 h de São Paulo)
O transporte de ida e volta fica por conta do participante. No site do Terra Luminous há uma página para caronas solidárias, que são organizadas em sistema de auto-gestão.
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CNV & YOGA
sexta-feira, 13 de dezembro de 2013
Workshop inspirado no diálogo entre Comunicação Não-Violenta e Yoga
domingo, 8 de dezembro de 2013
CNV e Yoga em parceria
Bem vindos!
Comunicação Não-Violenta (CNV), é um processo que apoia uma
profunda mudança no escutar, no pensar, no sentir e no falar.
Empatia é um dos elementos centrais na CNV. O ingrediente
chave para a empatia, de acordo com o "pai" da CNV, Marshall
Rosenberg, é a presença. Trata-se de estar no momento presente e no corpo. É
uma trilha alternativa que convida a ir além dos julgamentos, em que se observa
a si mesmo e se conecta com o que a outra pessoa está observando, sentindo,
precisando e solicitando.
O Yoga ajuda a potencializar CNV, cultivando a presença através da conexão com a respiração e as sensações no
corpo, trazendo mais vida para a aplicação da CNV.
"O tipo de espiritualidade que eu valorizo é aquele em que você tem grande alegria em contribuir para a vida, não apenas sentar e
meditar, embora a meditação seja certamente valiosa. Mas a partir da meditação, da
consciência resultante, eu gostaria de ver as pessoas em ação, criando o mundo
que elas querem para se viver " Marshall Rosenberg
A prática de Asanas no Yoga cria as condições ideais para cultivar
estados cada vez mais profundos de presença. A abordagem simples e prática da
CNV ajuda a potencializar a expansão desta presença em nossas vidas diárias, para
os nossos relacionamentos e os momentos desafiadores. Ela nos ajuda a estarmos presentes com nós mesmos e estarmos focados e disponíveis para o que está acontecendo com outros.
"O dom mais precioso que podemos oferecer aos outros é a nossa
presença . Quando a atenção plena abraça aqueles que amamos, eles vão
florescer como as flores . " Thich Nhat Hanh
União, Interconexão e a Unidade do Ser
Uma das interpretações da palavra Yoga é união: a experiência
real da unicidade do ser, a interligação e interdependência de todas as coisas.
"Gosto da maneira como a prática de Asana Yoga (posturas) me permite
experimentar essa unicidade do ser através da conexão entre a mente, corpo e
respiração. E a CNV é lindamente complementar para isso, pois nos lembra de nossa
interconexão com a ênfase na escuta profunda de nós mesmos, bem como outros,
revelando a consciência de que todos os seres humanos estão apenas tentando
honrar os valores e necessidades universais, a cada minuto, todos os dias." Kiu Coates
segunda-feira, 2 de dezembro de 2013
As bases espirituais da Comunicação Não-Violenta: Uma sessão de perguntas e respostas com Marshall Rosenberg
1) A espiritualidade é
importante no processo da Comunicação Não-Violenta?
Eu penso que é importante que as
pessoas vejam que espiritualidade é a base da Comunicação Não-Violenta e que
elas aprendam a mecânica do processo com
isso em mente. É realmente uma prática espiritual que estou tentando mostrar
como um caminho de vida. Mesmo que não mencionemos isso, as pessoas são seduzidas
pela prática. Mesmo se a pratiquem como uma técnica mecânica, elas começam a
experimentar coisas entre elas mesmas e as outras pessoas que não eram capazes
de experimentar antes. Então finalmente elas chegam à espiritualidade do
processo. Elas começam a ver que isso é mais que um processo de comunicação e
percebem que é realmente uma tentativa de manifestar uma certa espiritualidade.
Então eu tentei integrar a espiritualidade no treinamento num jeito que atende
à minha necessidade de não destruir a beleza dela através de abstrações
filosóficas.
2) O que Deus significa para você?
Eu preciso de um modo de pensar em Deus que funcione para mim, outras
palavras ou caminhos para olhar para essa beleza, essa poderosa energia, e
então meu nome para Deus é “Amada Energia Divina”. Por um tempo foi somente
Energia Divina, mas então eu estava lendo algo sobre as religiões orientais, e
poetas orientais, e eu amei como eles têm essa conexão pessoal amorosa com essa
Energia. E eu achei que aquilo me levava a chamar Deus “Amada Energia Divina” .
Para mim essa Amada Energia Divina é vida, conexão com a vida.
3) Qual é seu caminho
favorito de reconhecimento da Amada Energia Divina?
É o jeito como eu me conecto com
seres humanos. Eu conheço a Amada Energia Divina conectando-me com os seres
humanos de certo modo. Eu não vejo a Energia Divina, eu saboreio a Energia
Divina, eu sinto a Energia Divina e EU SOU a Energia Divina. Estou conectado
com a Amada Energia Divina quando eu me conecto com os seres humanos de certo
modo. Então Deus está muito vivo para mim. Também falando com as árvores,
falando com os cachorros e porcos, estes são alguns dos meus caminhos
favoritos.
4) Como você desenvolveu a Comunicação
Não-Violenta?
A Comunicação Não-Violenta se desenvolveu a partir da minha tentativa de
ficar consciente do que é essa Energia Divina e como ficar conectado com ela.
Eu estava muito insatisfeito com a psicologia clínica porque é baseada na
patologia e eu não gostava dessa linguagem. Então, após ter me formado eu
decidi ir mais além na direção de Carl Rogers e Abraham Maslow. Eu decidi olhar
esse lado e perguntar a mim mesmo a assustadora pergunta: “O que nós somos e o
que pretendemos ser?” Eu achei que havia muito pouca coisa escrita sobre isso
em Psicologia. Então eu fiz um curso de Religiões Comparadas porque eu vi que
elas falavam mais sobre essa questão. E a palavra “amor” aparecia em cada uma
delas. Eu costumava ouvir a palavra AMOR
como muita gente usa no sentido religioso: “Você deve amar todo mundo”. Eu
ficava realmente abusado da palavra amor. “Oh sim, eu cogitaria de amar
Hitler?” Eu não conhecia as palavras “Bobagem da Nova Era” mas eu usava a que
era meu equivalente para elas. Eu tentava entender melhor o que significa amor
porque eu podia ver que tinha muitos significados para muitos milhões de
pessoas em todas aquelas religiões. O que é e como se faz esse ‘amor’?
A Comunicação Não-Violenta realmente se
revelou na minha tentativa de compreender esse conceito de amor e como
manifestá-lo, como fazê-lo. Eu cheguei à conclusão que não era somente alguma
coisa que você sente, mas é alguma coisa que manifestamos, alguma coisa que
fazemos, alguma coisa que temos. E o que é essa manifestação? É dar de nós mesmos de um certo jeito.
5) O que você quer dizer com
“dar de nós mesmos?”
Para mim, dar de nós mesmos significa
uma expressão honesta do que está vivo em nós neste momento. Intriga-me por que
cada cultura saúda a outra “Como está você?” Essa é uma questão tão importante.
Que presente é ser capaz de saber a cada dado momento o que está vivo em
alguém.
Dar um presente a alguém é uma
manifestação de amor. É quando você revela a si mesmo nua e honestamente, em
dado momento, sem outro propósito senão como um presente do que está vivo em
você. Sem acusação, sem crítica ou punição. Simplesmente “Aqui estou e aqui
está o que eu gostaria”. Essa é a minha vulnerabilidade neste momento. Para
mim, isso é um jeito de manifestar amor.
E o outro jeito que nós nos damos é
através de como recebemos a mensagem da outra pessoa. Recebê-la com empatia,
conectando-nos com o que está vivo nela, não fazendo julgamentos. Somente ouvir
o que está vivo na outra pessoa e o que ela gostaria. Então, a Comunicação Não
Violenta é simplesmente a manifestação do que eu entendo que seja Amor.
6) A Comunicação Não-Violenta se revelou no
seu desejo de manifestar amor?
Eu também fui ajudado por pesquisa empírica em psicologia que definiu as
características de relacionamentos saudáveis e pelo estudo de pessoas que
estavam vivendo manifestações de amar pessoas. Fora esses recursos eu empurrei
junto esse processo que me ajudou a conectar-me com pessoas no qual eu pude
entendê-las de um jeito amoroso. E então eu vi o que aconteceu quando eu me
conectei com as pessoas desse jeito. Essa beleza, esse poder, me ligaram à
Energia que eu escolhi chamar de Amada Energia Divina. Assim, a Comunicação Não
Violenta me ajuda a ficar conectado com essa bela Energia Divina dentro de mim
mesmo, com a Energia Divina nos outros, e o que acontece então é o mais próximo
que eu conheço do que seja estar conectado com Deus.
7) Como você evita que o Ego interfira em
sua conexão com Deus?
Vendo o Ego como a coisa mais
estreitamente ligada ao jeito que a minha cultura me treinou a pensar e me
treinou a comunicar-me. E como a cultura me treinou para atender às minhas
necessidades de certo modo, para ter minhas necessidades misturadas com certas
estratégias, eu devo atender às minhas necessidades. Então eu tento permanecer
cônscio desses três caminhos que a cultura me programou para fazer coisas que
realmente não são do meu maior interesse, para funcionar mais no Ego que na
minha conexão com a Energia Divina. Tenho tentado aprender meios de treinar a mim
mesmo para estar consciente quando estou pensando nesse jeito culturalmente
aprendido e tenho incorporado isso na Comunicação Não Violenta..
8) Então você acredita que a linguagem de
nossa cultura nos impede de conhecer nossa Energia Divina mais intimamente?
Oh, sim. Definitivamente. Eu acho que nossa linguagem torna isso
realmente difícil, especialmente a linguagem que nos é dada pelo treinamento
cultural que a maioria de nós segue, e as associações do que “Deus” cria para as pessoas. O pensamento julgador, ou do
certo/errado é uma das mais coisas mais difíceis que tenho encontrado para
conseguir ensinar Comunicação Não Violenta por todos esses anos. As pessoas com
quem trabalho têm vindo todas de escolas e igrejas e é muito fácil para elas,
se gostam da Comunicação Não Violenta, dizer que esse é o jeito ‘certo’ de se
comunicar. É muito fácil pensar que a Comunicação Não Violenta é o objetivo.
Eu modifiquei uma parábola budista
que se relaciona com essa questão. Imagine um local lindo, íntegro e sagrado. E
imagine que você poderia realmente conhecer Deus quando estivesse nesse lugar.
Mas há um rio entre você e esse lugar e você gostaria de alcançar esse lugar
mas você tem que transpor esse rio para chegar lá. Então você obtém uma balsa,
e essa balsa é uma verdadeira ‘mão na roda’ para levar você do outro lado do
rio. Uma vez cruzado o rio você pode caminhar o resto de muitas milhas para
esse lindo lugar. Mas a parábola budista termina dizendo que “aquele é um tolo
que continua carregando a balsa nas
costas no lugar sagrado”.
A comunicação Não Violenta é uma
ferramenta para me fazer superar meu aprendizado cultural de modo que eu possa
alcançar aquele lugar. Não é o lugar. Se ficamos apegados à balsa, fica mais
difícil chegar ao lugar. As pessoas que somente aprendem a processo de
Comunicação Não-Violenta podem esquecer tudo sobre paz. Se ficam muito presos à
balsa, o processo torna-se mecânico.
A Comunicação Não-Violenta é uma
das ferramentas mais poderosas que eu encontrei para conectar-me com pessoas
num modo que me ajuda a ficar num lugar onde estamos conectados com o Divino,
onde o que fazemos para o outro provém da Energia Divina. Esse é o lugar onde
eu quero estar.
9) Essa é a base espiritual da Comunicação
Não-Violenta?
A base espiritual para mim é que eu estou
tentando conectar a Energia Divina em outros e conectá-los com a Energia Divina
em mim, porque eu acredito que quando estamos realmente conectados com essa
Divindade dentro de cada um e de nós mesmos, aquela pessoa desfruta
contribuindo para o bem estar de outro mais que qualquer outra coisa. Então
para mim, se estamos conectados com o Divino nos outros e em nós mesmos, vamos
aproveitar o que acontece, e essa é a base espiritual. Ness lugar é impossível
haver violência.
10) É essa falta de conexão com a Energia Divina
a responsável pela violência no mundo?
Eu gostaria de dizer desse jeito: Eu penso que temos tido a graça de
escolher criar o mundo da nossa escolha. E temos toda essa graça desse grande e
abundante mundo para criar um mundo de alegria e abundância. Para mim, a
violência no mundo ocorre quando ficamos alienados ou desconectados dessa
Energia. Como ficarmos conectados se somos educados para sermos desconectados?
Eu creio que é nosso condicionamento cultural e educação que nos desconectam de
Deus, especialmente nossa educação sobre Deus.
Walter Wink escreve sobre como as
culturas de dominação usam certos ensinamentos sobre Deus para manter a
opressão. Eis porque Bispos e Reis têm estado geralmente muito próximos. Os
Reis precisaram dos Bispos para justificar a opressão, para interpretar os
livros sagrados de modo que justificassem as punições, dominação e assim por
diante.
11) Como vamos superar esse condicionamento?
Eu estou geralmente em meio a pessoas com muita dor. Eu relembro de
estar trabalhando com vinte Sérvios e vinte Croatas. Algumas dessas pessoas
tiveram membros de suas famílias mortos pelos do outro lado e todos eles tinham
gerações de veneno inoculado em suas cabeças acerca do outro lado. Eles
gastaram três dias expressando sua raiva e dor uns aos outros. Felizmente nós
dispúnhamos de cerca de sete dias.
Uma palavra que não tenho usado
quando falo sobre isso é a palavra ‘inevitabilidade’. Então muitas vezes tenho
visto que não importa o que tenha acontecido, se as pessoas se conectam de
certo modo, é inevitável que eles terminem gostando de se doar uns aos outros.
É inevitável. Para o meu trabalho é quase como assistir a um show de mágica. É
muito lindo para caber em palavras.
Mas algumas vezes essa Energia
Divina não funciona tão rápido quanto eu acho que deveria. Eu lembro de ter
sentado ali, em meio a toda aquela raiva e dor pensando “Energia Divina, se
podes sanar toda essa confusão por que estás demorando tanto, por que estás
colocando essas pessoas nisso?” E a Energia Divina me falou, e disse: “Você faz
somente o que quer para se conectar. Ponha sua energia nisso. Conecte-se e
ajude às outras pessoas a se conectarem e deixe-me cuidar do resto”. Mas apesar
do que estava acontecendo em uma parte do meu cérebro, eu sabia que a alegria
era inevitável. Se pudéssemos somente nos manter conectados com nossa própria
Energia Divina e com as dos outros.
E aconteceu. Aconteceu com grande
beleza. No último dia todos eles estava conversando sobre alegria. E muitos
deles disseram: “Eu pensava que nunca mais me sentiria alegre de novo depois do
que passamos”. Esse era o tema em todos os lábios. De modo que aquela noite
vinte Sérvios e vinte Croatas, que sete dias antes tinham somente uma dor
inimaginável em relação ao outro, celebravam a alegria de viverem juntos.
12) Nós conseguimos essa conexão com o outro
conhecendo a Deus?
Aqui eu quero ficar longe de intelectualizar sobre Deus. Se ‘conhecer
Deus’ significa essa íntima conexão com a Amada Energia Divina, então nós
ganhamos cada segundo quando experimentamos o paraíso.
O céu que eu ganho conhecendo a
Deus é essa inevitabilidade, saber o inevitável, que não importa o que o
inferno está fazendo, se temos esse nível de conexão uns com os outros,s e
somos tocados pela Energia Divina uns dos outros, é inevitável que apreciemos
dar e receber da vida. Tenho tido esse tipo de coisa tão completamente com as
pessoas que não fico preocupado com nada mais. É inevitável. Se conseguimos
essa qualidade de conexão, estaremos onde nos agrada.
Encanta-me quão efetivo isso é. Eu
poderia lhes falar de exemplos semelhantes entre os extremistas israelenses,
tanto política como religiosamente, e o mesmo do lado palestino, e entre os Hutus
e Tutsis, e os Cristãos na Nigéria. Com todos eles espantou-me como é fácil é
promover essa reconciliação e cura. Uma vez mais, tudo o que nós temos que
fazer é conectar ambos os lados às necessidades do outro. Para mim as
necessidades são o meio mais rápido e íntimo de fazer conexão com a Energia
Divina. Todo mundo tem as mesmas necessidades. As necessidades existem porque
estamos vivos.
13) Como você faz inimigos reconhecerem que eles
precisam se dar um ao outro?
Quando você faz as pessoas se conectarem nesse nível é difícil manter
aquela imagem de ‘inimigo’. A Comunicação Não-Violenta em sua pureza é o meio
mais poderoso e rápido que eu encontrei para fazer as pessoas irem do jeito
alienado de pensar onde elas querem ferir uns aos outros, para desfrutarem de
se darem uns aos outros.
Quando você tem duas pessoas em
frente um do outro, Hutu e Tutsi, e suas famílias foram mortas pelo outro, é
espantoso que em duas ou três horas possamos levá-los a nutrirem um ao outro. É
inevitável. Inevitável. Eis por que eu uso essa abordagem.
Encanta-me quão simples isso é dada
a quantidade de sofrimento que houve, e quão rapidamente isso pode acontecer. A
Comunicação Não Violenta realmente sara rapidamente quando as pessoas
experimentaram muita dor. Isso me motiva a fazer isso acontecer mais
rapidamente porque o jeito que estamos fazendo isso agora toma um bom tempo.
Como ter isso feito mais
rapidamente com os outros 800.000 Hutus e Tutsis, e o resto do planeta? Eu
gostaria de explorar o que poderia acontecer se pudéssemos fazer filmes ou
programas de televisão sobre esse processo, porque tenho visto que enquanto
duas pessoas seguem o processo com outras pessoas olhando, acontece
aprendizagem indireta, cura e reconciliações. Então eu gostaria de explorar meios
para usar a mídia para criar massas de pessoas para rapidamente completarem o
processo juntas.
14) Você tem encontrado algumas barreiras
culturas ou linguísticas nesse processo?
Espanta-me quão poucas e pequenas elas são. Quando eu comecei a ensinar esse processo em outra língua, eu realmente duvidei de que pudesse ser feito. Lembro-me da primeira vez, eu estava na Europa, estava indo pela primeira vez a Munique e a Genebra. Minha colega e eu duvidávamos que pudéssemos fazê-lo em outra língua. Ela estava indo fazê-lo em francês e eu estaria lá para que ela me fizesse perguntas se alguma coisa acontecesse. Eu estava indo para pelo menos tentar ver se poderíamos fazê-lo com tradutores. Mas tudo funcionou muito bem, sem nenhum problema, e eu acho que a mesma coisa ocorrerá em qualquer lugar. Então eu simplesmente não me preocupo com isso, eu faço em inglês e você traduz e funciona bem. Não me lembro de nenhuma cultura onde eu tenha tido mais que pequenos problemas, mas não com a essência em si mesma. Não somente não tivemos problema mas também aconteceu de repetidas e variadas pessoas dizerem que isso é o que essencialmente suas religiões lhes dizem. É coisa antiga, eles a conhecem, e são gratos por essa manifestação, mas não é nada novo.
15) Você acredita que uma prática espiritual é
importante para praticar a não-violência?
Eu recomendo em todos os workshops que as pessoas dediquem um tempo e se
façam essa pergunta: “Como posso
escolher me conectar com outros seres
humanos?” e para estarem tão conscientes quanto possam sobre isso. Para se
assegurarem que é sua escolha e não o caminho para o qual tem sido programados
a escolher. Finalmente, qual é o caminho que você escolheria para conectar-se
com outros seres humanos?
A gratidão também tem importante
papel para mim. Se eu expresso gratidão quando estou consciente da ação humana
para a qual eu quero expressar gratidão, a consciência de como me sinto quando
a ação ocorre, se é uma ação minha ou de outra pessoa, e quais necessidades
minhas ela preenche, então expressar gratidão me enche da consciência do poder
que nós seres humanos temos para preencher nossas vidas. Faz-me consciente de
que nós somos Energia Divina, que nós temos tal poder para fazer a vida
maravilhosa, e que não há nada que gostemos mais do que fazê-lo.
Para mim essa é uma poderosa
evidência de nossa Energia Divina, que nós temos esse poder para fazer a vida
tão maravilhosa e que não há nada de que gostemos mais. É por isso que parte de
minha prática espiritual é justamente estar cônscio da gratidão.
16) Quão básica é essa necessidade de dar de si ao outro?
Eu penso que a necessidade de enriquecer a vida é uma das mais básicas e
poderosas necessidades que nós todos temos. Agora, um outro meio de dizer isso
é que nós necessitamos agir a partir da Energia Divina dentro de nós. E eu acho
que quando nós ‘somos’ essa Energia Divina –
não há nada de que gostemos mais, nada em que encontremos mais alegria,
que enriquecer a vida, que usar nosso imenso poder para enriquecer a vida.
Mas quando nós estamos tentando
atender essa necessidade nossa para ‘viver’ essa Energia Divina, tentando
contribuir para a vida, há um pedido que vem com ela. Nós pedimos pelo retorno
de qualquer criatura cuja vida estejamos tentando melhorar. Nós queremos saber
de fato “ Minha intenção e minha ação estão sendo correspondidas” Houve
preenchimento?
Na nossa cultura onde pedidos são
distorcidos em nosso pensamento de que temos a necessidade de que outra pessoa
nos ame pelo que temos feito, aprecie o que temos feito, nos aprove pelo que
temos feito. E isso distorce e embota a beleza do processo inteiro. Não é sua
aprovação o que precisamos, nossa verdadeira intenção era usar nossa energia
para enriquecer a vida. Mas precisamos de retorno. Como vou saber se meus
esforços foram bem sucedidos sem ter nenhum retorno?
E eu posso usar esse retorno para
me ajudar a saber se eu estou me afastando da Energia Divina. Eu sei que estou
me afastando da Energia Divina quando eu valorizo a crítica mais que o
agradecimento.
(entrevistador desconhecido)
(entrevistador desconhecido)
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